O que você sabe sobre futuro do trabalho é mesmo relevante para as decisões que você toma hoje para a sua vida profissional?
Trabalho remoto, trabalho híbrido, semana de 4 dias. Isso não é futuro do trabalho. Isso é presente do trabalho, independentemente do estágio em que você vive isso hoje.
Imagino que você possa até estar se questionando: “mas eu não vivo nada disso ainda”. Como assim isso não se trata de futuro do trabalho? Vamos por partes.
Se o futuro que você tem em mente é o tempo verbal e ele diz respeito a amanhã ou talvez daqui uns 3, 6 meses a frente do tempo, ok. Faz sentido acreditar que isso é o futuro do trabalho.
Mas sabe o que me entristece como uma profissional de futuros? É ver como o termo “futuro” está sendo banalizado. E com isso, perdendo o seu verdadeiro valor.
A área de estudos de futuros é uma área profissional ampla que demanda anos de estudos e pesquisas. Mundo afora é conhecida como Futures Studies.
E, por conta dela, muitos novos termos começam a nascer, como Futures Literacy. Em português este termo tem sido utilizado como letramento em futuros ou alfabetização em futuros.
E tem ganhado tamanha importância que a Unesco criou há menos de 1 década uma espécie de divisão chamada Futures Literacy.
A proposta da Unesco é disseminar em toda a educação mundo afora, desde a base, conceitos básicos sobre como futuros são criados e não previstos.
Desta forma, todas as pessoas terão como influenciar muito mais nestas criações que hoje são dominadas por apenas pouquíssimas pessoas no mundo.
O que isso gera? Tendências. Por vezes, tendenciosas. Ou seja, trabalho remoto, trabalho híbrido e semana de 4 dias estão mais para tendências do que para futuros.
E o que é o futuro do trabalho então?
Futuros do trabalho são cenários futuros alternativos que ainda não foram criados. Nós quem os criamos e desenvolvemos estratégias para que eles aconteçam. Mas existem técnicas para isso, que precisamos dominar.
Aliás, sabia que o melhor é falarmos futuros do trabalho no plural, em vez de futuro do trabalho no singular? Sabe por quê?
Porque futuros, como área de estudos de longo prazo, são sempre muitas possibilidades. Futuros não são previsíveis, futuros são criados.
Tudo o que já é fortemente previsível é pautado em fatos e dados reais em torno do que já está acontecendo, ou seja, no presente. Aí então existem projeções. Essas projeções que geram tendências.
Então, pense o seguinte: se boa parte das pessoas que você conhece já trabalha em sistemas híbridos, 100% remotos ou ainda trabalham menos de 40 horas semanais, e esse número só cresce, há uma tendência clara que estas escolhas estão aumentando.
Diferença entre tendências do trabalho e futuros do trabalho
Futuro do trabalho é um recorte ou pilar dentro de estudos de futuros. Assim como existe futuro da saúde, futuro da tecnologia, futuro da educação. São áreas de estudos. E cheias de técnicas e novos modelos de pensamento.
Eu, por exemplo, decidi atuar exatamente dentro desta segmentação. Tudo o que está relacionado a trabalho, geração de renda, transições de carreiras e de vida, modelos de negócios, novas formas de trabalho e de se fazer negócios, está dentro deste escopo.
Tendências do trabalho são derivadas destes estudos muitas vezes. Ou ainda são análises quantitativas em torno de fatos e dados atuais, como expliquei acima.
Até um tempo atrás, as pessoas e as mídias diziam tendências. Tendências do trabalho, tendências para o trabalho e coisas assim quando estavam se referindo ao que de fato são tendências futuras no curto e médio prazo.
Acontece que a área de futuros – área que estuda, cria e analisa cenários de longo prazo, entre outras coisas – vem ganhando força no mundo todo. Inclusive no Brasil. E o termo passou a despertar o interesse cada vez maior do público.
Ou seja, a área de futuros demonstra tendências fortes de crescimento e reconhecimento de seu valor no mercado.
Inclusive, eu incentivo que muitas pessoas interessadas se desenvolvam nisso, pois haverá uma demanda cada vez maior de muitas novas profissões derivadas desta área.
A minha tristeza, que mencionei no início deste artigo, se dá apenas pelo fato do uso equivocado. Por vezes, oportunista até, já que a palavra futuro e futuros passou a ser muito buscada na internet e redes sociais nos últimos 2 anos.
Aliás, se tornar futurista parece que virou um “must”. Se você me perguntar: mas é legal trabalhar nessa área Cassi? Não tenho como negar: é muito legal. Mas demanda muita dedicação e abertura ao novo.
A profissão futurista tem futuro?
Como eu disse, ser futurista é uma tendência. Agora, parte do que fazemos é buscar por sinais fracos. Sinais fracos se fortalecem ou se esvaecem.
Os sinais que se fortalecem, se tornam tendências. Nesse vídeo explico bem as diferenças de sinais fracos e tendências.
Lembra-se que eu contei que a Unesco criou uma divisão inteira para propagar o pensamento de futuros para todas as pessoas? Então vamos lá, o que você pode concluir com este tipo de movimento? Ser futurista tem futuro?
A depender do horizonte temporal que estivermos considerando, pode ser que sim, pode ser que não. Ou seja, para os próximos 5-7 anos, possivelmente surgirão muitas vagas promissoras.
Mas, ao mesmo tempo, todos os parceiros e parceiras da Unesco já estão contribuindo na disseminação desses conhecimentos para todas as pessoas de qualquer idade. Além de diversos outros projetos e negócios que intencionam o mesmo.
Essa conscientização não se trata de tornar todo mundo especialista em futuros, se trata de criarmos uma sociedade que domine as técnicas e modelo de pensamento principais.
Dessa forma, poderemos todas e todos influenciar muito mais nos futuros dos trabalhos que sonhamos em viver um dia. Além de tantas outras áreas de aplicação destas premissas básicas de futures thinking.
Então, se esse “plano macro” com tanta gente já dedicada hoje seguir florescendo, será que precisaremos de “futuristas” se todo mundo dominar o mínimo necessário?
O meu papel não é trazer respostas. Eu vivo – e trabalho com muito amor – para fomentar NO HOJE novas perguntas a respeito… dos futuros do trabalho.
Reflexões para Novas Eras: a websérie
Que diferença isso faz? Cada tijolo que colocamos hoje em nossa obra de sonhos futuros conta. Entenda aqui “cada tijolo” como “uma decisão”. E a vida é feita de escolhas, todos os dias, todos os minutos.
Por isso, faça escolhas conscientes. Quanto melhor você explorar – e não tentar prever – cenários futuros, mais condições você terá de fazer escolhas mais sábias. Que reverberarão em você e na sua vida no curto, médio e, principalmente, no longo prazo.
É disso que se trata a websérie Reflexões para Novas Eras, uma parceria da Vagas e da Lifelong Workers. Te convido a nos acompanhar em novas perguntas em torno do que estamos fazendo agora. E se isso tudo está fazendo cada vez mais ou menos sentido.
Porque, se for para não sentir, podemos deixar isso para os robôs. O que você acha? ; )
Cassiana Buosi é empreendedora em rede, designer de futuros regenerativos, especialmente voltados para futuros do trabalho e dos negócios. É certificada em foresight estratégico e professora universitária também. Iniciou 2 redes de negócios e hoje energiza em seu 3º projeto, a Lifelong Workers, percurso que começou após 20 anos no mundo corporativo de grande porte. Apaixonada por Design + Futuros + Pessoas + Aprendizagem. Mãe do Kauai. Sempre se reinventando.
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