Neste artigo você verá:
Pessoas com deficiência visual ainda enfrentam muito preconceito e capacitismo. Ainda que elas sejam totalmente capazes de exercer suas atividades profissionais, poucas empresas dão oportunidades para a entrada do deficiente visual no mercado de trabalho.
A trajetória de um deficiente visual no mercado de trabalho, ou melhor, de uma pessoa com deficiência visual, não é fácil. Infelizmente ainda há muitos desafios que impedem o acesso igualitário dessas pessoas a diversas profissões.
Se este for o seu caso — ou se você tem um colega assim, mas não sabe muito bem como deve agir — confira o que você precisa saber para ajudar na inclusão dessas pessoas.
Como é o mercado de trabalho para pessoas com deficiência visual?
O mercado de trabalho para pessoas com deficiência em geral não é animador. Dados do Ministério do Trabalho relativos a 2020, indicam que pessoas com deficiência ocupam apenas 1,07% das vagas formais — apesar de representarem 6,7% da população.
A deficiência visual é a mais comum entre os brasileiros. Ela está presente em 3,4% da população, o que equivale a 6,5 milhões de pessoas.
Comparativamente, a deficiência motora atinge apenas 2,3% da população, enquanto a deficiência auditiva atinge 1,1% e a deficiência mental/intelectual, 1,4%. Os dados são do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010.
Ainda assim, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego, pessoas com deficiência visual representam apenas 16,68% das pessoas com deficiência com trabalho formal. A maior parte delas (44,46%) têm deficiência física e a segunda maior parte tem deficiência auditiva (17,89%).
Quais direitos tem um deficiente visual no ambiente de trabalho?
As pessoas com deficiência visual estão incluídas na Lei de Cotas, que determina que empresas com cem ou mais empregados preencham uma parte das vagas com pessoas com deficiência.
Quais os desafios dos deficientes visuais para entrarem no mercado de trabalho?
Os principais desafios existentes no mercado de trabalho para PCD, em especial com deficiência visual, são:
Capacitismo
O capacitismo ainda é um desafio para pessoas cegas e com baixa visão no ambiente de trabalho.
Como há pouco conhecimento sobre a deficiência e o que ela envolve de fato, muitos profissionais ainda se surpreendem com a possibilidade de pessoas cegas e com baixa visão serem capazes de exercer suas funções na empresa como qualquer outra pessoa.
Preconceito
O maior desafio das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é vencer o preconceito. Novamente, como há muito desconhecimento sobre a sua deficiência, muitas empresas simplesmente não dão oportunidade para pessoas cegas e com baixa visão mostrarem seu potencial e sua capacidade de entrega profissional.
Em geral, é comum que elas deem preferência por pessoas com outro tipo de deficiência, imaginando que sua adaptação ao ambiente seja mais simples.
Como incluir as pessoas com deficiência visual no mercado de trabalho
Os deficientes visuais contam com a tecnologia para vencer os principais desafios do mercado de trabalho.
Atualmente, a maior parte dos computadores e celulares têm recursos de acessibilidade que “leem” textos, mensagens e páginas da internet para pessoas cegas e com baixa visão.
Além disso, muitos conseguem digitar no teclado do computador sem necessidade de adaptação para braile. Embora o ideal seja que essa adaptação faça parte das ações de inclusão, fato é que as pessoas se mostram perfeitamente capazes de se adaptar ao contexto atual do mercado.
Eles contam também com recurso de “digitar por voz”, que também é bastante comum em computadores e celulares.
Com isso em mente, se você tem colegas com deficiência visual no trabalho, pode ajudar na sua inclusão seguindo algumas destas dicas:
- antes de iniciar uma conversa com o colega deficiente visual, apresente-se. É possível que, com o tempo, ele reconheça que é você sem que isso seja necessário, mas, até que aconteça, não custa ter esse cuidado para facilitar a comunicação e evitar constrangimentos;
- deixe a cadeira recolhida embaixo da mesa sempre que não estiver sentado;
- não deixe objetos pelo chão;
- comunique a mudança de qualquer móvel (até da lixeira) ao seu colega deficiente visual;
- antes de ajudar uma pessoa com deficiência visual, pergunte se ela quer ajuda;
- se a resposta for negativa, aceite e não insista;
- se ela aceitar ajuda, pergunte qual é a melhor forma de ajudar;
- não segure o braço da pessoa com deficiência. Se ela quiser a sua ajuda, ofereça o seu braço para ela segurar enquanto você a conduz;
- não deixe portas meio abertas. O ideal é que elas fiquem sempre totalmente abertas ou totalmente fechadas;
- se estiver acompanhando o colega a uma reunião ou um encontro informal, descreva o ambiente para ele assim que chegar, dizendo quem está no local;
- no horário do almoço, pergunte se o colega quer ajuda. É possível que ele peça que você leia as opções do cardápio (se não houver menu em braile) ou ajude a montar o prato se o restaurante for self service.
- Tenha empatia, naturalidade e bom humor. Essa mistura é muito importante para manter a autoconfiança do seu colega e ajudar a vencer desafios em situações que nem sempre podemos prever.
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