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A neurocientista Thaís Gameiro ajuda a traçar hábitos para melhorar a produtividade na quarentena
Se você está em isolamento, não sente vontade de trabalhar (ou de
procurar emprego, se estiver desempregado) e está deixando tudo para
depois, você não está sozinho.
É natural que a procrastinação na pandemia fique
mais intensa durante a pandemia. E de acordo com a neurocientista Thaís
Gameiro, sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação
corporativa na área de neurociência organizacional, isso tem uma
explicação. Nosso cérebro está estranhando o novo contexto.
Antes do isolamento, você provavelmente acordava e realizava uma
série de atividades, desde escovar os dentes até pegar o transporte ou o
carro para ir de um lado para o outro, certo?
Segundo a neurocientista, aproximadamente 40% dessas atividades são
realizadas de forma inconsciente e automática, poupando energia do
cérebro. “Quando a rotina e o ambiente mudam, há a necessidade de mais
concentração em atividades que antes passavam batidas, gastando recursos
e gerando cansaço”, diz Thaís.
Consequentemente, a procrastinação aumenta, tanto para quem tem tarefas a cumprir quanto para quem está buscando recolocação durante a pandemia.
O que é e por que ocorre a procrastinação na pandemia?
“Procrastinação é aquele comportamento clássico que adotamos quando
temos uma tarefa árdua ou pouco prazerosa para executar, mas, ao invés
de resolver logo a questão, vamos empurrando até que não seja mais
possível adiar”, explica ela. “Ela é uma resposta inconsciente aos
afazeres, não é uma preferência, embora muitos acreditem nisso”, explica
Thaís.
E ela afirma que há quatro fatores que influenciam nossa capacidade
de ser produtivo. Eles são nível de descanso, estresse, capacidade de
interagir com a tarefa, isto é, se você se sente capaz de realizá-la, e a
motivação durante a quarentena.
“Nosso cérebro tem recursos limitados”, explica Thaís. “Quanto mais
informações – tanto internas, quanto externas – brigam para que você
consiga fazer a tarefa bem feita, mais difícil vai ser conseguir que ele
atue da melhor maneira possível”, afirma.
Só que, para ser produtivo, é preciso estar atento. E aí que está o
problema. Lidar com todos esses fatores durante a pandemia é um desafio
muito maior do que o habitual.
Além disso, do ponto de vista da neurociência, a atenção é nossa
capacidade de filtrar estímulos. Acontece que essa “filtragem” exige
energia e não é algo que possamos sustentar por muitas horas.
E também por conta desse mecanismo de atenção humana, a neurocientista acredita que o multitasking –
ou a capacidade de ser multitarefa – não funciona. “Ninguém consegue
fazer várias coisas ao mesmo tempo porque o cérebro só tem um filtro e
ele só presta atenção em uma coisa de cada vez”, enfatiza.
Ou seja, preparar um relatório, descongelar carnes para o almoço,
acompanhar a videoaula do filho mais velho e corrigir a lição do filho
mais novo, tudo ao mesmo tempo, não é possível para ninguém.
Como afastar a vontade de deixar tudo para depois
Para ser produtivo em home office,
a primeira recomendação da neurocientista é tentar se concentrar em ter
horas de trabalho de qualidade – e não mais horas de trabalho. “Contar
com intervalos regulares favorece os momentos de atividade intensa
porque serve como uma ‘recompensa’ que estimula a dedicação”, explica.
A dica vale também para quem está procurando emprego durante a crise do coronavirus.
Tente se concentrar nessa busca durante alguns períodos do dia para que
ela seja produtiva. Não vale a pena evitá-la demais para que ela não se
transforme naquele peso na consciência que impede você de fazer
qualquer outra coisa.
O autoconhecimento também pode ser uma vantagem para a produtividade
porque ajuda a saber quais são seus momentos (e condições) ideais de
trabalho. Por exemplo, você costuma ser mais produtivo pela manhã ou à
noite? No silêncio ou com música?
“É muito importante que identifiquemos esses padrões porque somos
muito mais produtivos quando escolhemos fazer as tarefas mais
desafiadoras – que exigem maior concentração ou maior desgaste cognitivo
– nesses momentos”, destaca.
Por outro lado, se você tentar realizar uma tarefa mais complexa
quando estiver mais cansado ou menos disposto, terá mais chances de
errar, perder muito tempo ou mesmo procrastinar.
Crie uma nova rotina para o período de isolamento
De acordo com a neurocientista, o hábito é uma estratégia de
sobrevivência do cérebro. Portanto, uma das formas de ataque à
procrastinação pode ser o desenvolvimento de novos hábitos para esse
período de isolamento. Crie uma nova rotina.
Também é importante identificar os gatilhos que fazem você
procrastinar. Se forem as tarefas maiores, por exemplo, tente quebrá-las
em tarefas menores, permitindo-se pequenas recompensas em cada etapa.
Durante todo esse período, com certeza haverá dias melhores e dias
piores. O importante é a gente sempre lembrar que é uma fase e logo a
nossa antiga rotina estará de volta. É o que esperamos.
FONTE:
https://www.vagas.com.br/profissoes/procrastinacao-na-pandemia-como-evitar/
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