segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Identidade de gênero no currículo: colocar ou não?

 

Entenda a importância de expressar sua identidade de gênero no currículo para promover a diversidade e a inclusão nas organizações.

Imagem de diversos jovens com roupas coloridas na luz do dia

Empresas com ambientes de trabalho inclusivos e pessoas de diferentes perfis trabalhando juntas tendem a atingir melhores resultados segundo uma série de estudos. Por quê? Simplesmente porque diferentes pontos de vista levam a mais inovação. Mas, embora a diversidade nas empresas seja um tema cada vez mais em pauta, ainda enfrenta desafios práticos. Aí vem a pergunta: devo incluir ou não minha identidade de gênero no currículo?

A julgar pelos estudos, ainda é uma barreira, especialmente para o grupo LBTQIA+ falar abertamente sobre seu gênero. O levantamento “O cenário brasileiro LGBTI+” da consultoria Mais Diversidade teve a participação de 2.168 profissionais do Brasil e apontou que somente 15% dos profissionais LGBTQIA+ falam explicitamente sobre o tema com a sua liderança.

Segundo a pesquisa publicada pela revista Ciência & Saúde Coletiva em 2020, em uma amostra de 528 pessoas trans com trabalho no estado de São Paulo, apenas 16,7% estavam no mercado formal. Essas estatísticas que ilustram como a discriminação no mercado de trabalho cria condições para marginalizar pessoas trans, por exemplo.

Ambientes inclusivos devem ser prioridade no mercado de trabalho. E é importantíssimo que as empresas conheçam as pessoas que estão contratando, pois isso favorece a inclusão e diversidade profissional. Todos tendem a ganhar com um ambiente de trabalho mais transparente e respeitoso, onde há empatia entre os colaboradores e lideranças. Por isso, vamos entender quais são os tipos de identidade de gênero e como adicionar ao seu currículo. Boa leitura!

Neste artigo você verá:

Quais são os tipos de identidade de gênero?

Alguns termos mudam com frequência quando o assunto é definição de identidade de gênero, e podem gerar dúvidas até mesmo na hora de preenchermos algum formulário. Por isso, vamos explicar o que é identidade de gênero e como ela se relaciona com o sexo biológico.

Identidade de gênero refere-se à maneira como uma pessoa percebe a si mesma e como deseja ser reconhecida, sendo uma construção social que transcende as características físicas associadas ao sexo biológico. 

De acordo com a perspectiva da Mais Diversidade, a identidade de gênero pode incluir identificações como mulher, homem, travesti, ou outras expressões não-binárias. 

Também há diferenças entre identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual, entenda:

  • expressão de gênero: se refere à maneira como uma pessoa comunica e expressa sua identidade de gênero para o mundo. A expressão de gênero vai além da biologia e das características físicas associadas ao sexo, envolvendo uma combinação de elementos como roupas que a pessoa veste, gestos que faz, linguagem corporal e até o tom de voz; 
  • orientação afetivo-sexual: é a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa manifesta em relação à outra.

Entre as possíveis identidades de gênero, temos:

  • pessoa cisgênero (ou simplesmente cis): identifica-se com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento (masculino ou feminino);
  • pessoa transgênero (ou trans): não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento;
  • não-binário: é aquele que não se identifica nem com o gênero masculino, nem com o gênero feminino, podendo assumir um gênero neutro ou transitar entre os gêneros.

Veja também: Ações afirmativas nas empresas: entenda a importância e veja exemplos

Colocar ou não identidade de gênero no currículo?

Muitas pessoas não compreendem por que razão devem declarar a identidade de gênero no currículo ou entendem que a inclusão dessa informação pode ser negativa de alguma forma. Vejamos a seguir alguns prós e contras desta decisão:

Prós 

  • promoção da diversidade e inclusão: incluir informações sobre identidade de gênero no currículo pode contribuir para a promoção da diversidade e inclusão no local de trabalho;
  • transparência: algumas pessoas optam por incluir essas informações para serem transparentes desde o início do processo de seleção, evitando possíveis desconfortos ou discriminação mais tarde;
  • apoio a políticas de igualdade: pode ser uma maneira de demonstrar apoio a políticas de igualdade de gênero e inclusão, o que pode ser valorizado por empregadores que também valorizam esses princípios.

Contras

  • risco de discriminação: infelizmente, a discriminação com base na identidade de gênero ainda é uma realidade em muitos lugares. Incluir essa informação pode aumentar o risco de discriminação;
  • violação de privacidade: algumas pessoas consideram a identidade de gênero uma informação privada e podem preferir não compartilhá-la no contexto profissional;
  • cultura da empresa: a decisão pode depender da cultura da empresa e do setor em que você está se candidatando. Antes de expressar sua identidade de gênero no currículo, vale pesquisar qual é o posicionamento da empresa para esse tema e como ela trabalha a diversidade em sua cultura corporativa. 

Como colocar sua identidade de gênero no currículo? 

Há algumas formas de criar um currículo inclusivo, para que o empregador não faça suposições a partir do nome que consta no documento. Nas redes sociais é comum expressar a identidade de gênero por meio do uso de pronomes de tratamento. Nesse caso, você simplesmente agrega à sua bio o pronome pelo qual quer ser tratado, até mesmo em outros idiomas, por exemplo:

  • “ele/o” ou “ele/he/el”
  • “ela/a” ou “ela/she/ella” 
  • ou, ainda, “elu/delu” (pronome neutro para quem não se identifica com o esquema binário de classificação).

Nas versões digitais ou impressas, quando não há formulários com opções de gênero para selecionar, além dos pronomes, é possível também utilizar ícones (ou “emojis”) com bandeiras, como é o caso da bandeira colorida conhecida mundialmente pelo movimento LGBTQIA+, ou o ícone de transgênero. Você também pode falar sobre o assunto em sua carta de apresentação, caso se sinta mais seguro desta forma.

Como incluir sua identidade de gênero no Vagas.com.br 

O Vagas.com.br você pode selecionar as seguintes formas de identidade de gênero:

  • homem cisgênero;
  • homem transgênero;
  • mulher cisgênero;
  • mulher transgênero;
  • outro;
  • prefiro não responder.

Lembrando aqui novamente que cisgênero refere-se a pessoa que se identifica com o gênero (homem/mulher) atribuído no nascimento e transgênero refere-se a pessoa que se identifica com algum gênero diferente do atribuído no nascimento.

Recrutadores e recrutadoras que conduzem processos seletivos com o Vagas For Business  poderão utilizar o critério de identidade de gênero para a triagem de currículos. A intenção é permitir que os RHs possam beneficiar a inclusão de pessoas pertencentes a grupos discriminados. 

Veja também: Como tornar um ambiente de trabalho igualitário

Exemplos de práticas inclusivas nas empresas

Veja o que grandes empresas estão fazendo para incluir pessoas de diferentes identidades de gênero no mercado profissional.

Incentivo à inclusão de identidade de gênero no currículo

Desde 2021, o Vagas.com.br oferece opções para pessoas se identificarem de acordo com sua identidade de gênero ao cadastrarem seu currículo na plataforma. A ação faz parte de uma série de iniciativas que o VAGAS vem adotando para alcançar a diversidade dentro e fora da empresa. 

Entre elas estão programas de educação interna, adoção de práticas inclusivas nos processos de contratação e mudanças nos produtos e na forma de comunicar do Vagas. 

Criação de grupos focados na inclusão de LGBTQIA+ nas empresas

A TransEmpregos, ONG criada em 2013 com foco em projetos de empregabilidade de pessoas Trans do Brasil, possui uma lista de empresas parceiras que apoiam a causa da diversidade de gênero. Entre elas, está a 3M, uma multinacional de tecnologia diversificada que tem escritórios e fábricas em mais de 70 países.

De acordo com o site da 3M, a empresa também se tornou signatária dos “10 Compromissos da Empresa com a Promoção dos Direitos LGBTI+”, em 2016. Para dar vazão a causa na empresa foi criado um grupo de afinidades de LGBTI+ formado por funcionários da organização. 

Conforme destacado na página corporativa da empresa, o objetivo do grupo é criar um ambiente inclusivo, respeitoso, seguro e saudável para todos na empresa. “Com reuniões mensais o grupo discute e desenvolve ações para sensibilizar e educar a comunidade interna sobre os direitos LGBT+ e respeito no ambiente de trabalho”, explica comunicado da 3M. 

Campanhas de combate à LGBTfobia

A 99 Táxi tem diversas frentes de trabalho pela inclusão social e de gêneros. O 99Cores é um grupo de colaboradores da empresa que se organiza para promover o tema da diversidade internamente. 

Eles criam conteúdos e campanhas para conscientizar o público interno sobre a importância da luta LGBT. A cartilha 99Cores, por exemplo, foi desenvolvida em parceria com a ONG Todxs com o objetivo reforçar aos colaboradores do app a importância da inclusão de pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho e na vida social. 

Benefícios estendidos a casais LGBTQIA+

A gigante de cosméticos Natura tem o Instituto Natura, responsável pelas causas sociais e de sustentabilidade da companhia. Entre seus valores, possui um compromisso com a equidade, onde busca promover e monitorar a equidade racial, de gênero e dos demais públicos minorizados em todos os níveis hierárquicos, equiparando salários e benefícios para profissionais que exercem responsabilidades similares. 

Além de empregar em maior número as mulheres, a empresa também se preocupa com a inclusão de diferentes identidades de gêneros. Na declaração de compromisso de Direitos Humanos da Natura, a empresa destaca promover um ambiente diverso para que os colaboradores dela tenham oportunidades iguais, independentemente de qualquer estereótipo de gênero, raça, orientação sexual ou religião. Mas como ela faz isso na prática?

Criando uma série de programas e benefícios que refletem esses valores “Oferecemos, por exemplo, benefícios de saúde a casais LGBTI+ e o berçário pode ser utilizado por filhos de colaboradores que tiraram licença maternidade, independente de orientação sexual e identidade de gênero. Também garantimos a adoção do nome social e para subsidiar novas ações nesse eixo”, ressalta o documento

Ter diversidade na força de trabalho de uma empresa é contar com diferentes perspectivas e vivências dos colaboradores de uma organização. Isso inclui diferenças como, idade, etnia, situação socioeconômica, educação, religião, identidade de gênero e orientação sexual.


fonte:

https://profissoes.vagas.com.br/identidade-de-genero-no-curriculo/

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