Mentir para conseguir emprego nunca vale à pena.
Tatiana Aude
Por mais incrível que possa parecer, se procurarmos nas ferramentas
de busca da internet assuntos relacionados às mentiras utilizadas para
conseguir emprego, vamos encontrar até fóruns onde o mediador presta o
maior apoio – e se diz orgulhoso, inclusive! – em saber de histórias de
pessoas que mentiram e obtiveram êxito no emprego almejado.
IMAGEM: CATHO |
A mentira é um vício que faz parte da educação ou cultura em que
determinada pessoa está inserida.
E, em geral, começa a ser praticada na
vida pessoal, sendo transferida, na sequência, para a vida profissional
– e é justamente aí que mora o perigo. O candidato a uma vaga de
emprego quer, de todas as formas, aumentar as suas chances da sua contratação para determinado cargo (ainda mais em época de crise, onde
as ofertas de emprego são menores) e, então, mente ou omite a idade,
local de moradia, grau de instrução, cursos que nunca passou nem perto
de fazer, entre tantas outras informações.
São várias as formas de mentir e de convencer o selecionador de que
aqueles dados são fiéis à realidade. Mas, do outro lado da mesa, os
profissionais de Recursos Humanos são enfáticos: toda mentira, uma hora
ou outra, será descoberta!
“A
mentira pode acontecer em qualquer fase do processo, mas não adianta. Nós temos meios de descobrir, pois somos treinados para fazer o
candidato cair em contradição. Por exemplo, quando ele diz que foi
demitido por corte de pessoal.
Como temos contato com muitas empresas,
temos como saber quais estão, de fato, o motivo da redução do quadro de
funcionários em determinada empresa. Também sabemos quando o candidato
engana nas datas dos períodos das empresas, se tem realmente o curso que
cita etc.”, afirma a sócia diretora da Dom Graphein, empresa de
soluções em grafologia e RH, Luciana Boschi.
Este é apenas um exemplo simples, mas há situações que se tornam
realmente insustentáveis dentro da empresa. Passada a mentira no momento
da seleção, se o candidato ingressa na organização, muitas vezes cai em
contradição ou deixa transparecer a falta de preparação para o cargo
por não conseguir segurar a máscara durante muito tempo.
Para a psicóloga, o tempo de validade de uma mentira dessas geralmente não ultrapassa os três meses de experiência.
“Muitas são as razões que levam alguém a mentir, e já peguei várias
delas. Alguns mentem porque acham que não vamos descobrir e querem levar
vantagem. Outros mentem por medo de perder a oportunidade.
É comum,
porque o mercado está muito competitivo e os candidatos fazem qualquer
coisa para se recolocarem, mas em geral, se a pessoa mente, uma hora ou
outra, no dia-a-dia do trabalho, ela acaba se traindo.
E todos descobrem
que não era bem do jeito que ela se vendeu para a empresa. Por sorte
isso costuma acontecer antes dos três meses, e a pessoa perde a
confiança da empresa”, explica.
Algumas situações
Na entrevista ao jornal Carreira & Sucesso, Luciana demora a se
recordar de um caso mais marcante, já que a mentira e a omissão
realmente são muito corriqueiras. Mas lembra que em um dos casos, ela
chegou a pedir ao candidato que escrevesse uma redação de próprio punho e
a entregasse na fase posterior.
Ele teria dado a redação para a esposa
fazer e caiu em contradição na hora dos comentários a respeito do tema. A
mentira foi, então, desmascarada!
Outro caso, desta vez mais ingênuo por parte do candidato, aconteceu com o diretor executivo da Training People, Luciano Amato.
Há sete anos, ele comenta que, terminado todo o processo de seleção
para uma vaga, flagrou a mentira na hora do candidato entregar a
documentação.
“A vaga exigia formação superior, e no currículo do candidato
indicava que ele havia concluído o 3º grau. Como a entrevista não prevê a
apresentação de documentação, mas sim a identificação da competência
alinhada aos objetivos organizacionais – e o candidato as tinha – ele
foi aprovado na etapa. Porém, ao ser solicitado os documentos para a
admissão, ele não apresentou no prazo previsto.
como a empresa só
procedia à admissão e registro com os documentos à mão, o processo foi
adiado. Foi uma surpresa para nós quando ele informou que não tinha
concluído o curso. Depois de algumas reuniões internas, e de tentar
entender o contexto da atitude do candidato, decidimos cancelar a
contratação, baseados na ética e quebra de confiança”, ressalta.
Confiança, aliás, é a palavra chave da relação funcionário/ empresa. E
quando ela é perdida logo no momento da contratação, dificilmente o
processo é revertido a favor do colaborador. “Qualquer relação que
começa sem transparência, está fadada ao insucesso!”, confirma Amato.
Vale justa causa?
No momento de descoberta de uma mentira cria-se outro questionamento:
como proceder? Conversar com o candidato apenas e mantê-lo no quadro
independente do ocorrido? Demiti-lo simplesmente? Fazer acordo para que
ele peça a demissão? Ou dispensá-lo por justa causa?
Luciano Amato atenta para um aspecto importante,
principalmente se a ideia for uma punição mais rígida. “Ao descobrir a
verdade, a melhor atitude é agir com transparência e firmeza. Chamar o
candidato e expor o ocorrido. Porém é importantíssimo ter documentos que
comprovem o fato, caso contrário o candidato pode virar o jogo,
inclusive juridicamente”.
Para ele, a justa causa deve ser avaliada com calma. “Tudo depende do
contexto e da gravidade da mentira/ omissão.
A empresa deve analisar os
riscos jurídicos e o que vai gerar maior perda: manter o colaborador ou
demiti-lo por justa causa ou não.
O que não pode é a empresa aceitar a
mentira ou se omitir nestes casos, pois pode denotar conivência e gerar
outras atitudes da mesma linha, contaminando a cultura da empresa”,
finaliza.
FONTE: CATHO
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