IMAGEM: VIVAZ |
Autor: Walter Frick é editor sênior da Harvard Business Review
Para tomar uma boa decisão, você precisa
entender duas coisas: como diferentes escolhas mudam a probabilidade de
resultados distintos e até que ponto cada um destes resultados é
desejado.
Em outras palavras, como escreveram Ajay Agrawal, Joshua Gans e
Avi Goldfarb, a tomada de decisão exige tanto vaticínio quanto
apreciação. Mas como você pode se aprimorar em cada um desses pontos?
Publicamos vários livros sobre o assunto, mas existem algumas regras que
se sobressaem; segui-las melhorará sua capacidade de prever os efeitos
de suas escolhas e avaliar se são desejáveis.
Regra 1. Tenha mais dúvidas
O psicólogo Daniel Kahneman, condecorado com o Nobel de economia, afirma que o excesso de confiança é a tendência que ele eliminaria primeiro, caso tivesse uma varinha de condão.
Ele é ubíquo especialmente entre
homens, pessoas abastadas e até mesmo especialistas. O excesso de
confiança não é um fenômeno universal — depende de fatores que incluem
cultura e personalidade — mas é grande a probabilidade de você ser mais
confiante acerca de cada passo do processo de tomada de decisão do que
deveria.
Assim, a primeira regra da tomada de
decisão é simplesmente ser menos seguro — a respeito de tudo. Acha que a
escolha A leva ao resultado B? Possivelmente é um pouco menos provável
do que você acredita.
Pensa que o resultado B é preferível ao C?
Provavelmente você também está muito confiante acerca disso.
Depois de ter aceitado que você é
confiante demais, é possível rever a lógica de sua decisão. No que mais
você pensaria se tivesse menos convicção de que A levaria a B ou de que B
é preferível a C? Você se preparou para um resultado dramaticamente
diferente daquele esperado?
É possível também alinhar seu nível de
confiança à chance de que você está correto. Você perceberá que embora
não se possa estar sempre certo, é completamente viável deixar de ser
excessivamente confiante.
Regra 2. Pergunte: “Com que frequência isso normalmente ocorre?”
Kahneman conta uma história de quando estava colaborando em um livro didático e pediu para seus coautores estimarem a data de conclusão do primeiro rascunho.
Todos, incluindo Kahneman, disseram alguma coisa
entre 18 meses e dois anos e meio. Ele então perguntou a um desses
coautores, que estivera envolvido em inúmeros projetos como aquele,
quanto tempo normalmente demorava.
Na verdade, respondeu o colaborador,
40% dos grupos nunca terminam o livro e ele não conseguia pensar em um
projeto que houvesse acabado dentro de um período de sete anos.
Aquele
era um livro didático sobre racionalidade e o coautor respondera sem
pensar em casos anteriores. O equívoco daquela pessoa — e o que a
história de Kahneman também nos ensina — foi não ter pensado em quanto
tempo projetos similares normalmente levam.
Em geral, indicam os estudos, o melhor
ponto de partida para vaticínios — um input fundamental para a tomada de
decisão — é perguntar: “quanto tempo aquilo normalmente leva?”. Se você
está pensando em fundar uma startup, pode perguntar: qual a porcentagem
de startups que fracassaram? (Ou a porcentagem das que tiveram êxito).
Se sua empresa está considerando fazer uma aquisição, deve começar se
perguntando com que frequência as aquisições aumentam o valor do
comprador ou, de outro modo, ampliam seus objetivos.
Essa regra, conhecida como probabilidade
a priori, surge bastante na pesquisa sobre vaticínio, mas também pode
ser benéfica para a questão da apreciação da tomada de decisão.
Se você
acredita que o resultado B é preferível ao C, pode perguntar: com que
frequência, historicamente, isso ocorreu? Por exemplo, caso esteja
pensando em fundar uma empresa e passe a comparar a possibilidade de
dedicar anos a uma empresa que irá fracassar com a ideia de permanecer
em seu emprego atual, você pode fazer a seguinte pergunta: com que
frequência empreendedores que fracassam acabam desejando ter continuado
em seus empregos anteriores? O objetivo, tanto em relação ao vaticínio
como à apreciação, é afastar-se da “visão interna”, na qual os
pormenores da decisão subjugam sua análise. Em vez disso, você deseja
adotar uma “visão externa”, começando com casos parecidos antes de levar
em conta os detalhes de sua própria situação.
Regra 3: Pense de modo probabilístico — e aprenda o básico sobre probabilidade
As duas primeiras regras podem ser empregadas imediatamente; esta, leva tempo, mas vale a pena. Pesquisas mostraram que mesmo estudos básicos de probabilidade permitem que as pessoas façam predições de maneira mais acertada e as ajudam a evitar determinadas tendências cognitivas.
Se você não se sente à vontade com
probabilidade, não há melhor investimento para aprimorar sua tomada de
decisão do que passar de 30 minutos a uma hora estudando o assunto. Você
pode começar com o curso introdutório da Khan Academy sobre o
lançamento de uma moeda.
Melhorar sua capacidade de pensar de
maneira probabilística o ajudará com as duas primeiras regras. Você será
capaz de expressar melhor sua incerteza e de pensar numericamente
sobre: “com que frequência isso normalmente ocorre?”. As três regras
juntas são mais poderosas do que qualquer uma delas em separado.
Ainda que todas essas regras sejam
possíveis de se começar a usar relativamente rápido, dominá-las exige
prática. Na verdade, depois de usá-las por um tempo, você pode se tornar
excessivamente confiante acerca de sua capacidade de tomar decisões.
Grandes tomadores de decisão não seguem tais regras somente quando
enfrentam uma escolha particularmente difícil; recorrem a elas o tempo
todo. Reconhecem que mesmo decisões aparentemente fáceis podem ser
complicadas — e que eles provavelmente sabem menos do que supunham.
FONTE: VIVAZ
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