IMAGEM: epocanegocios.globo.com |
Ficar meses e meses em busca de um emprego novo. Se você não está nessa situação, provavelmente conhece alguém que está. A crise econômica pela qual passa o Brasil fez o desemprego crescer.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
o total de desempregados mais que dobrou nos últimos três anos,
passando de 6,623 milhões de desocupados em 2014, antes da crise, para
13,457 milhões em fevereiro de 2017.
Nesse
novo cenário, candidatos que estão há meses – ou até há mais de um ano –
em busca de uma recolocação no mercado de trabalho ficaram mais comuns
nos processos seletivos de empresas. E os próprios recrutadores estão
mais compreensivos quanto a isto. Mesmo assim, é importante ter em mente
algumas coisas que podem ajudar a se destacar no processo seletivo.
“Nesse
momento de mercado, as empresas estão conscientes da dificuldade, sabem
que tem mais gente procurando e menos vagas abertas”, explica Luis
Testa, diretor da Catho. “É importante aproveitar o tempo parado para se
destacar, e, na entrevista, mostrar que tem acompanhado as notícias
sobre as movimentações do mercado, que fez capacitações, cursos
gratuitos ou mesmo que investiu em sua própria educação”.
Veja algumas dicas dos especialistas.
Aproveite o tempo livre
Em
primeiro lugar, se esforce para usar o seu tempo livre para fazer
coisas produtivas. Sabe tudo aquilo que você dizia que queria fazer, mas
que não tinha tempo? “Nesse momento de transição profissional, é
importante que a pessoa esteja conectada, antenada nas ferramentas de
rede social profissional, que procure participar de eventos e feiras em
sua área a fim de conhecer novas pessoas, enfim, que mantenha a cabeça
ocupada”, diz Silvana Barros, consultora de transição de carreira da
Randstad Professionals.
Uma boa ideia é usar o tempo disponível
para fazer cursos, se aprimorar e se atualizar em algum tema da sua
profissão.
Se você tiver algum dinheiro de reserva, vale a pena investir
em educação. Se este não for o caso, não se preocupe. Não é necessário
procurar um curso caro, e hoje há, inclusive, opções gratuitas.
Pesquise
cursos online de instituições renomadas (a Universidade de Harvard, por
exemplo, tem diversos vídeos de aulas e cursos disponíveis pela
internet), palestras gratuitas, feiras e outros eventos. Aproveitar para
aprender um novo idioma também é uma boa ideia. “Hoje há cursos online
de inglês e ferramentas mais acessíveis que antigamente”, diz Silvana.
Para
Luis Testa, da Catho, “esse período de transição é uma oportunidade
para o profissional se aprofundar e entender o que está acontecendo no
setor em que ele trabalha, descobrir quais são as exigências das
empresas e como está o mercado em relação a salários”.
Uma boa
forma de aproveitar o tempo é investir no network. “Aproveite para
retomar o contato com pessoas com quem você trabalhou e estudou", sugere
Isis Borge, gerente da consultoria Robert Half, de recolocação
profissional. "Tente marcar almoços e cafés para conversar sobre o
mercado e também falar que está buscando uma vaga e mostrar que está
disponível”.
Nessas conversas com colegas, vale perguntar quais
são os pontos positivos que eles enxergam em você e em que áreas precisa
melhorar. Nesse momento de busca por um emprego, é importante se
conhecer bem, diz Isis.
Mas nem tudo precisa ter relação com o
trabalho. “Vale usar um pouco do tempo para descansar, recarregar as
baterias, fazer a reforma da casa que vinha adiando há muito tempo, ir
ao médico para fazer um checkup – tudo aquilo que a gente não tem tempo
para fazer quando está empregado”, afirma Silvana.
Na entrevista
Um
dos medos mais comuns dos candidatos que estão nessa situação é a
pergunta: “Por que você está há 10 meses sem trabalhar?”.
Em primeiro
lugar, é importante ter em mente que a maioria dos recrutadores entende a
nova realidade do mercado de trabalho.
Para Isis Borge, da Robert
Half, o ideal é ser o mais verdadeiro possível. “Tem várias razões para
que um profissional esteja fora do mercado", diz. "Pode ser que a
pessoa tenha perdido o emprego e esteja tentando se recolocar, mas ainda
não conseguiu uma vaga, ou teve um filho e preferiu ficar um tempo em
casa antes de voltar a trabalhar, ou resolveu fazer um curso fora do
país e quando voltou não encontrou uma oportunidade”. Mas ela alerta:
pega mal dizer que só está procurando uma vaga agora.
“É
importante deixar claro o que você vem fazendo ao longo desse tempo. Se a
pessoa diz que mandou currículo para alguns lugares mas não teve
retorno, e mostra que está sem energia, que está acomodada nessa
situação, esse profissional não é interessante para o recrutador”,
aponta Silvana. Ela explica que é preciso mostrar motivação.
Se a
pessoa não parece estar muito bem, a empresa muitas vezes fica com
receio de fazer a contratação. "Já vi uma situação em que a companhia
tinha dois candidatos – um que estava há bastante tempo procurando um
emprego e outro que estava desempregado há apenas um mês.
O segundo era
mais qualificado para a vaga, mas o CEO da empresa escolheu o outro. Não
foi porque ele precisava mais, mas porque se mostrou muito disposto a
agarrar o novo desafio, ele estudou a empresa e chegou com ideias. O
outro ficou lamentando a saída, disse que achou a demissão injusta”,
explica Isis.
Aproveite a entrevista para mostrar que você não
perdeu a energia e a esperança. Não entre na sala já se sentindo
derrotado. Diga o que você tem feito durante esse período – os cursos
que completou, os contatos que retomou, os eventos de que participou.
Reavalie sua carreira
“O
momento de transição é um momento muito importante para reavaliar sua
carreira, e talvez até redirecionar”, afirma Silvana Barros. Pensar em
como foram feitas as suas escolhas até aquele momento, o que você quer
alcançar no futuro e o que precisa fazer para chegar lá.
No fim, pode
ser uma boa oportunidade para refletir: será que continuar nesse caminho
é mesmo o que você quer? “Às vezes, a nossa carreira vai tomando um
rumo, em função da proximidade com determinadas pessoas, e quando a
gente se vê nessa situação, acaba parando e pensando que no começo,
queria outra coisa”, afirma Silvana.
Não se desespere (ou não demonstre desespero)
Falar
que você precisa muito de um emprego não vai te ajudar a conseguir uma
vaga, dizem os especialistas.
Se você está há vários meses desempregado,
o recrutador vai saber que as contas continuam chegando e imaginar que
você não está em uma condição financeira muito confortável. Mas falar
isso durante a entrevista não pega nada bem.
“As empresas estão
procurando os melhores profissionais, não os que mais precisam de
emprego. É preciso ter paciência e controlar a ansiedade, o que pode ser
importante para a própria carreira”, diz Luis Testa, da Catho.
Você
também não deve passar a impressão de que aceitaria qualquer proposta.
“A empresa fica com uma dúvida se o profissional quer mesmo esse novo
desafio e quer trabalhar na empresa, ou se só precisa do salário e
quando aparecer outra oportunidade, ele vai sair da companhia”, lembra
Isis.
FONTE: epocanegocios.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário