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O job rotation – ou “rotação pelo
trabalho”, em português – era normalmente oferecido pelas empresas em
seus programas de trainee.
“A ideia original era de que os trainees
passassem por diversas áreas da empresa antes de se fixarem em uma
delas”, explica Roberto Coltro, diretor da Asap, empresa de recrutamento
para cargos iniciais de gerência. Hoje em dia, no entanto, o job rotation
não está mais restrito a esses programas.
Em muitos casos, ele é
oferecido de forma ampla e estruturada pelas empresas para profissionais
dos mais variados níveis, o que é muito positivo para a maior parte as
pessoas.
O que um job rotation pode fazer pela sua carreira
Segundo Coltro, o primeiro grande benefício de passar uma rotação
assim é que você adquire uma visão geral da empresa para, depois, poder
assumir posições maiores. “Essa atividade é excelente em especial para
três casos”, diz ele.
O primeiro caso é o daqueles profissionais que
ainda não estão certos da área que mais tem a ver com eles. Normalmente
são pessoas que ainda estão em fase inicial de carreira. Para esses, o
ideal é mesmo se candidatar a um programa de trainee que ofereça essa
atividade. Assim, em dois ou três anos, dependendo da duração do
programa, o profissional passará por diversas áeras da empresa e até
descobrir com qual delas o seu perfil mais combina.
“Se o profissional for jovem e não estiver em um programa de trainee
também pode buscar empresas que oferecem essa atividade de forma
estruturada”, afirma. “Por outro lado, profissionais mais seniores, que
têm cargos mais altos e já são especialistas, dificilmente conseguem
fazer essa rotação.”
Desafios e aprendizados
O segundo caso em que o job rotation pode ser uma excelente
alternativa é aquele em que o profissional já não se sente desafiado na
área em que está, mas também não está decidido a mudar de empresa.
“Muitas companhias até oferecem esse tivo de rotação pelas áreas como
estratégia de desenvolvimento profissional e até de retenção de
talentos”, diz Coltro.
Isso porque, ele explica, se antigamente pegava bem construir uma
carreira sólida de 20 ou 25 anos na mesma empresa, hoje as coisas não
funcionam bem assim. “O currículo de um profissional que passa a vida
toda na mesma empresa pode ser tão mal interpretado quando o de quem
pula de uma empresa para outra o tempo todo”, diz ele.
Ou seja, em casos assim, o job rotation pode livrar o
profissional de uma impressão errada – de que ele é acomodado ou algo do
tipo – por demonstrar que ele passou por diversas mudanças, foi
submetido a desafios diferentes e aprendeu bastante coisa ao longo da
carreira. “É como se ele tivesse mudado de companhia de tempos em
tempos”, explica Coltro.
Planos maiores
O terceiro caso é o dos profissionais que querem se preparar para
assumir cargos mais amplos, como a gestão de um negócio ou a
diretoria-geral. “Tenho um conhecido próximo que tem um cargo alto de
direção em uma empresa de bebida de grande porte”, diz Coltro. “Ele fez job rotation
a carreira inteira, começou na área de engenharia industrial, na
fábrica, foi para suprimentos, RH e finanças e, por tudo isso, tornou-se
um profissional completo para a diretoria.”
Quem tem esse objetivo, deve passar, pelo menos, pelas áreas de RH,
comercial e marketing, financeira e de operações, onde muitas vezes
estão inclusos o processo industrial e de distribuição e logística.
“Quem passa por isso tende a ser considerado um profissional completo
pelo mercado”, diz.
Por outro lado, Coltro mesmo ressalta, se o objeto do profissional
for se especializar e alcançar um alto cargo em determinada área, o job rotation
pode não ser muito recomendado, por não permitir muita especialização
em qualquer uma das áreas. “O profissional pode ficar completo para
gerir uma unidade de negócios, mas não será exatamente um profissional
financeiro e nem de operações e nem de RH”, afirma.
“Por isso, quem já
sabe que quer atuar em operações, por exemplo, deve se especializar
nisso”, recomenda. “Além disso, nem todo diretor-geral passou por todas
as áreas”, lembra. “Alguém muito bom na área comercial pode se tornar
CEO mesmo sem ter passado por job rotation.”
Tempo para fechar ciclos
Outro alerta importante que Coltro faz é em relação ao tempo de
duração de cada rotação. Em programas bem estruturados, o profissional
passa de dois a três anos em cada área. “Esse prazo é essencial porque
não estamos falando apenas da transição de uma área para outra, mas de
uma estratégia de desenvolvimento”, explica. É por isso que, antes de
partir para um novo desafio, o profissional precisa fechar ciclos,
concluir projetos ou períodos de análise. Só assim o aprendizado pode
ser considerado completo.
Por fim, embora atividades desse tipo sejam cada vez mais comuns,
obviamente elas ainda não são oferecidas por todas as empresas,
especialmente as de menor porte. Para quem busca essa rotação mas está
em uma empresa que ainda não estruturou esse procedimento, a dica de
Coltro é, antes de tudo, a de checar se a mudança interna é bem vista na
organização. “É preciso tomar cuidado em casos assim porque eu já vi
muitas histórias de profissionais que solicitam a mudança em empresas
que não têm essa cultura e acabam prejudicando sua carreira”, alerta.
Sinais de que a empresa pode estar aberta a esse tipo de iniciativa
são profissionais que mudaram de uma área para outra e continuaram se
destacando e crescendo internamente. “Perguntar diretamente ao gestor ou
ao RH se a empresa propicia essa rotação também pode ser interessante,
mas, se a resposta for negativa, possivelmente ela não seja dada de
forma tão clara.”
O momento do recrutamento, para quem ainda está em processo de
seleção, também é bem interessante para esse tipo de abordagem.
Perguntar ao recrutador como a empresa vê esses movimentos internos não
deve fazer mal algum.
FONTE: VAGAS.COM
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