Novo texto da reforma da
Previdência: veja o que muda na proposta do governo
Versão apresentada pelo governo é mais enxuta que a
anterior, poupa trabalhadores rurais e estabelece idade mínima diferente para
servidores e segurados do INSS.
O nova
versão da reforma da Previdência apresentada pelo governo nesta quarta-feira (22) é
mais enxuta que a proposta anterior, estabelece um tempo mínimo de contribuição
10 anos menor para trabalhadores do INSS em relação aos servidores públicos e
poupa todos os trabalhadores rurais.
A
proposta ainda está em discussão e deve passar por votações no Congresso. Por
promover uma mudança na Constituição, ela só entra em vigor se for aprovada por
pelo menos 308 deputados em dois turnos de votação na Câmara e mais em dois
turnos no Senado.
Principais mudanças
O governo
cedeu em vários itens em relação a sua proposta inicial, reduzindo a reforma a
quatro pontos principais:
- Idade mínima de aposentadoria, com a regra de transição até 2042; 62 anos para mulheres e 65 para homens (INSS e servidores); 60 para professores de ambos os sexos; 55 anos para policiais e trabalhadores em condições prejudiciais à saúde.
- Tempo mínimo de contribuição
de 15 anos para segurados do INSS e de 25 anos para servidores públicos;
- Novo cálculo do valor da
aposentadoria, começando de 60% para 15 anos de contribuição até 100% para
40 anos;
- Receitas previdenciárias
deixam de ser submetidas à DRU (Desvinculação de Receitas da União
Nova proposta do governo da reforma da Previdência (Foto: Karina Almeida/G1) |
Tempo de contribuição
O novo
texto mantém em 25 anos o tempo mínimo de contribuição para servidores
públicos se aposentarem, mas reduz esta exigência para 15 anos no caso
dos trabalhadores do INSS, como na regra atual.
Contudo,
quem se aposentar com 15 anos de trabalho vai receber um benefício parcial, de
apenas 60% do valor. O cálculo aumenta o valor da aposentadoria conforme os
anos de contribuição, até chegar à aposentadoria integral, com 40 anos de
trabalho.
A
proposta inicial encaminhada pelo Palácio do Planalto ao Congresso já havia
tido alterações sugeridas pelo relator a comissão especial sobre o assunto na
Câmara dos Deputados, Arthur Maia (PPS-BA), em abril.
Idade mínima e regra de transição
O texto
cria idades mínimas para a aposentadoria, respeitando uma regra de transição
que aumenta esta idade em 1 ano a cada 2 anos de contribuição, até chegar a um
patamar definitivo em 2042.
A idade
mínima é diferente para trabalhadores privados (62 anos para mulheres e
65 para homens), servidores públicos (55 para mulheres e 60 para homens)
e categorias especiais como professores, policiais e
trabalhadores submetidos a ambientes nocivos à saúde.
Mudanças no cálculo do benefício
No
cálculo do valor da aposentadoria, o trabalhador do INSS que se aposentar com
15 anos de contribuição terá seu benefício reduzido em 40% em relação à
aposentadoria integral (ou seja, receberá 60% da média de todas as suas
contribuições).
O governo
propõe que este valor aumente gradativamente e em velocidade mais rápida
conforme o tempo de serviço, até alcançar 100% da aposentadoria com 40 anos de
contribuição.
Aposentadoria rural e BPC não mudam
Os
trabalhadores rurais (pequenos agricultores) ficaram de fora da nova proposta
da reforma. Anteriormente, o governo pretendia igualar a idade mínima de
aposentadoria à de outros trabalhadores, em 65 anos para homens e mulheres e
exigir um tempo mínimo de 25 anos de contribuição.
O texto
atual exclui estas mudanças para o trabalhador rural, preservando a regra
atual: aposentadoria por idade aos 55 anos no caso das mulheres e aos 60 anos
para os homens, e tempo mínimo de 15 anos de contribuição, de modo que o
trabalhador continuará contribuindo com um percentual sobre a receita de sua
produção, de forma facultativa.
Já o
Benefício da Prestação Continuada (BPC), espécie de ajuda paga pelo governo a
idosos em situação de extrema pobreza e pessoas com deficiência, continua
vinculado ao salário mínimo. A proposta anterior previa que o valor do
benefício poderia ser menor.
Desvios pela DRU
Pela nova
proposta, a arrecadação com as contribuições da Previdência deixa de ser
submetida à chamada Desvinculação das Receitas da União (DRU). Hoje, este
mecanismo permite desvincular 30% da receita dos tributos do sistema
previdenciário para cobrir outros gastos públicos.
Na prática, como a
Previdência fecha com déficit (despesas maiores que receitas), o governo acaba
precisando repor estes recursos.
Pensão por morte
A nova
versão da reforma mantém o limite de 2 salários mínimos para quem acumular os
benefícios de pensão por morte e aposentadoria.
Como na proposta antiga, o
texto também define que a pensão deixa de ser integral, passando a 50% do valor
do benefício do segurado falecido mais 10% por dependente (incluindo a viúva ou
viúvo).
Economia nos gastos
O projeto
inicial da pasta previa uma economia nos gastos com aposentadorias de pouco
menos de R$ 800 bilhões em 10 anos, e a proposta aprovada em maio deste ano na
comissão especial representava 75% daquela originalmente enviada ao Congresso.
Ou seja,
se a nova Previdência for aprovada e representar 60% da original, a economia
será de pouco menos de R$ 480 bilhões em uma década, ou R$ 320 bilhões a menos
do que o previsto inicialmente.
FONTE: G1
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